O ELÉCTRICO DA GRAÇA
O eléctrico da Graça vem-me à memória,
Não o esqueço por ter sido importante
Na minha vida de adolescente, em Lisboa,
Quando nele me pendurava para à baixa
Chegar, divertido e gozando sem pagar.
As moedas que tinha eram para o cinema,
Comprava um sorvete, nada me sobrava,
Era uma vida feliz e de que eu desfrutava,
Tornou-se rotina e um agradável dilema.
Assim eram os meus anos de adolescente.
Nunca mais me esqueci do meu eléctrico,
Pendurado nele eu ia até ao seu destino,
Agora acho que era arriscado e sem tino
Eu andar pendurado, sem medir o perigo,
Foi vicio que apanhei e nunca mais deixei.
Hoje ainda ando pendurado à minha vida,
Por me pesarem os anos e os meus euros
Não me permitirem sair de casa, é triste
Ficar encarcerado a escrever boa poesia
Para oferecer aos meus amigos virtuais.
É assim a vida que me chega no dia a dia,
Que eu aceito sem alternativa, já é tarde,
Para se alterar o seu padrão, nem perdão
Me é concedido, foi tempo assim perdido,
Anoitece, começo a sonhar até eu acordar.
Ruy Serrano - 25.08.2018