MINHA MÃE
seus cabelos
embranquecidos,
descoloridos pelo ardor do tempo,
suas mãos,
ainda ressecadas
não perdiam a maciez
num toque de carinho,
sua voz,
ainda que trêmula,
era uma canção de ninar
dentro de um mundo de insônia,
seu riso,
um tanto desbotado,
brilhava como um farol
nas noites escuras de chuva e trovoadas,
seu andar,
lento e apoiando nas paredes,
nunca erraram o caminho da verdade,
e nas suas pegadas,
seus filhos seguiram a trilha dos homens honestos,
seu abraço,
frágil e não mais apertado,
aquecia as tardes de inverno
quando o sol era distante e morno!
Na minha velhice,
ainda que os anos se alonguem
e meus olhos confundam as cores e as paisagens,
que a sua imagem
eu guarde dentro de mim
como um menino
guarda o melhor presente
que ganhou em toda sua vida:
Minha mamãe!!