Sentidos
Haviam luzes pelo chão iluminando o caminho.
Os pés, cansados, pediam licença para tocar
a superfície em vermelhos toques de ternura.
Até o frio que lá fazia buscava aconchego
no fundo do salão. Um aquecedor a fingir-se
de lareira. Velas a fingir-se de fogueira.
A brisa suave de uma cortina, o leve conforto
de um pequeno almofadado. Um contingente par
em fluxo, ora retilíneo ora circular, na intrépida
busca de equilíbrio em movimento pendular...
O ar saia de dentro para fora e cada músculo
aguardava a sua vez. Todos trabalhando juntos!
A responsabilidade do corpo é sempre compartilhada.
Ali a direção era oposta à linha do tempo, talvez
para não vê-lo passar. Talvez, para que outros por
ele passassem, sem se esbarrar no perfume ou carinho,
fruto de quem se preocupa com os mínimos detalhes.
A gratidão é manifesto nobre quem presenteia o seu
parceiro, obrigado por estar aqui. Te vejo de olhos
calados e sei partes daqui tão feliz quanto eu...
Ah, doce despedida. Mansa e graciosa. Descanse e leve
esta nobre degustação, experimente cada pedaço e ao fim
de cada percalço, guarde contigo esta singela sensação.
Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.
Blogguer: https://opoetacuritibano.blogspot.com.br/
Instagram:@opoetacuritibano
Facebook: https://www.facebook.com/O-Poeta-Curitibano-1842278299341552/