Sentidos

Haviam luzes pelo chão iluminando o caminho.

Os pés, cansados, pediam licença para tocar

a superfície em vermelhos toques de ternura.

Até o frio que lá fazia buscava aconchego

no fundo do salão. Um aquecedor a fingir-se

de lareira. Velas a fingir-se de fogueira.

A brisa suave de uma cortina, o leve conforto

de um pequeno almofadado. Um contingente par

em fluxo, ora retilíneo ora circular, na intrépida

busca de equilíbrio em movimento pendular...

O ar saia de dentro para fora e cada músculo

aguardava a sua vez. Todos trabalhando juntos!

A responsabilidade do corpo é sempre compartilhada.

Ali a direção era oposta à linha do tempo, talvez

para não vê-lo passar. Talvez, para que outros por

ele passassem, sem se esbarrar no perfume ou carinho,

fruto de quem se preocupa com os mínimos detalhes.

A gratidão é manifesto nobre quem presenteia o seu

parceiro, obrigado por estar aqui. Te vejo de olhos

calados e sei partes daqui tão feliz quanto eu...

Ah, doce despedida. Mansa e graciosa. Descanse e leve

esta nobre degustação, experimente cada pedaço e ao fim

de cada percalço, guarde contigo esta singela sensação.

Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.

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Poeta Curitibano
Enviado por Poeta Curitibano em 03/08/2016
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T5717332
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