CUEIRO
Quando eu nasci, houve festa no lar.
Um menino, para os pais, alegrar.
Já me esperavam em casa os meus presentinhos,
e encheram-me de mimos no meu bercinho.
Mês frio foi aquele em que eu nasci.
Nos meus primeiros dias como tremi!
Mas com o singelo pano colorido que me deram, aquietei.
E por muito tempo, foi com ele que eu me agasalhei.
O pano colorido me cobria de carinho,
deixava o meu coração quentinho.
Só me libertava dele pela manhã
quando vinha me dar bom dia, a minha velha irmã.
Ele era macio, e com aspecto gentil.
O pano compreendeu a minha linguagem pueril!
Nas curvas dele eu rolava,
assim como a minha velha irmã me contava.
Hoje, o cueiro está encostado no sofá.
Ele não pode mais me afofar.
Mas nos primeiros dias de frio, com ele eu sobrevivi,
e na minha pele há o carinho que recebi.
- Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, 10 de maio de 2003.