CUEIRO

Quando eu nasci, houve festa no lar.

Um menino, para os pais, alegrar.

Já me esperavam em casa os meus presentinhos,

e encheram-me de mimos no meu bercinho.

Mês frio foi aquele em que eu nasci.

Nos meus primeiros dias como tremi!

Mas com o singelo pano colorido que me deram, aquietei.

E por muito tempo, foi com ele que eu me agasalhei.

O pano colorido me cobria de carinho,

deixava o meu coração quentinho.

Só me libertava dele pela manhã

quando vinha me dar bom dia, a minha velha irmã.

Ele era macio, e com aspecto gentil.

O pano compreendeu a minha linguagem pueril!

Nas curvas dele eu rolava,

assim como a minha velha irmã me contava.

Hoje, o cueiro está encostado no sofá.

Ele não pode mais me afofar.

Mas nos primeiros dias de frio, com ele eu sobrevivi,

e na minha pele há o carinho que recebi.

- Gabriel Eleodoro

Rio de Janeiro, 10 de maio de 2003.

Gabriel Eleodoro
Enviado por Gabriel Eleodoro em 23/05/2016
Reeditado em 23/05/2016
Código do texto: T5643942
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