O MEU BALOIÇO
Voltei à meninice, sentei-me no meu baloiço,
Dei aos pés para balançar e a vida recordar,
Enquanto balançava, na minha vida pensava,
Foi mais o que perdi do que ganhei, pois oiço
A voz do passado que me alimenta memórias,
De brincadeiras, aventuras e muitas histórias.
Sento-me no meu baloiço com netos e bisnetos,
Damos largas ao prazer da nossa mútua alegria,
Vivemos o presente como se o passado tivesse
Partido para outro lugar, onde tudo se diluíra,
No cacimbo das matas que perderam árvores
Abatidas por homens sem escrúpulos, bárbaros.
Juntam-se a nós pombas e andorinhas, voando
Baixinho, dando-nos as suas boas vindas, aqui
Nos deixando mensagens de paz que trouxeram
Da nossa terra africana, onde feliz eu anos vivi,
E dela recordo as saudades que se perderam.
Baloiço para a frente e para traz, tal como recordo
O passado e idealizo o futuro, o que ficou pra traz
Já não interessa, temos de pensar no nosso futuro,
Que cada vez é mais difícil de vencer, e já maduro,
Volto à meninice para brincar com o que satisfaz.
Ruy Serrano - 07.03.2016