RECOLHIMENTO - Poesia nº 20 do meu segundo livro "Internamente exposto"
Fui saindo e nascendo,
Respirando e chorando...,
Na boa acolhida eu cheguei!
Vi a luz pela primeira vez,
Junto com a angelical tez...,
Mamãe em puros aconchegos,
Era o meu ninho de abraços!
Recebi seus inúmeros carinhos,
Depois de ambos os cansaços...,
Mamei o rico alimento me dado,
Suguei o amor, amei e fui amado!
Fui criança a cada esperança,
A desejar tudo que se alcança.
Fui moleque no calhambeque,
Mas, mamãe pisava o breque!
Fui um menino muito arteiro,
Mas, uma tapa era certeira...,
Fui garoto em cada dia inteiro,
Brincava livre na vida faceira!
Fui menino bem educado,
E um pouquinho malcriado.
Fui um bonito adolescente,
Tinha opinião convincente.
Era um jovem inteligente,
Mas, um pouco intrigante.
Fui adulto pouco conservador,
E na vida, de mim o professor!
Fui o velho amigo sofredor,
Mas, o tempo curou a dor.
Eu vivi e bem aproveitei,
Tudo o que aqui passei...,
Mas, se algo eu pudesse mudar,
Esse eu, ao tempo queria voltar;
Então seria muito mais feliz,
Por aquilo que eu não fiz!
E o tempo foi passando...,
Nos loucos anos divididos,
Em vívidas e devoradas fatias;
Nele, os meus trajetos lambidos,
Das horas que em mim escorriam,
Foram enfim..., me desgastando!
Hoje, sou o que de mim foi aqui herdado;
Já não me alimento como no passado,
Estou com esse redobrado cansaço,
Mas, ainda ganho muitos carinhos.
E em abraços meu ninho se refaz,
Tenho os mesmos aconchegos.
Vou reencontrar a angelical tez!
Juntam-se a mim, todas as luzes
Das sementes que aqui deixei...
Vou respirando, vou gemendo,
Vou-me indo, vou morrendo...
E feliz por esta despedida,
Levando esta minha vida
Para o recolhimento,
Eu me abandonei!
Eduardo Eugênio Batista
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