CALDO DE GENTE
Ainda ouço a moagem
Ventres generosos
braços fortes
pés apressados
mão virtuosa
peitos fartos
cabeça engenhosa
Tudo moído
ao gosto do senhor
Tudo esmagado
pra o luxo da sinhá
Tudo espremido
às ordens do feitor
Tudo apertado
pra ali não faltar
Na bagaceira, moídos
mas não derrotados
A velha murmura
moleque espreita
a negra conspira
o negro peleja
quebrando banguê
salgando o melaço
matando o fogo
virando o tacho
moendo
moendo
moendo...