CALDO DE GENTE

Ainda ouço a moagem

Ventres generosos

braços fortes

pés apressados

mão virtuosa

peitos fartos

cabeça engenhosa

Tudo moído

ao gosto do senhor

Tudo esmagado

pra o luxo da sinhá

Tudo espremido

às ordens do feitor

Tudo apertado

pra ali não faltar

Na bagaceira, moídos

mas não derrotados

A velha murmura

moleque espreita

a negra conspira

o negro peleja

quebrando banguê

salgando o melaço

matando o fogo

virando o tacho

moendo

moendo

moendo...

Fabio Ferreira S
Enviado por Fabio Ferreira S em 24/05/2015
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