O CORREDOR (LEMBRANÇAS DE UM HOSPITAL)

NÃO OUÇO MAIS O SILÊNCIO DAS SOMBRAS

VULTOS OCULTOS NO CORREDOR VAZIO...

SOMBRAS QUE DESLIZAM A ESPREITA...

NÃO BUSCAM MAIS O OLHAR QUE OS VIGIA.

PASSOS QUE NÃO ANDAM MAIS.

SILÊNCIO... QUE ECOA NO AR.

VENTO QUE SOPRA, SEM NADA MOSTRAR...

OS VULTOS NÃO DANÇAM MAIS ENTRE AS PILASTRAS

A SE ESCONDER

A BAILAR

A NOS CONVIDAR

A NOS DOAR

SEI SEREM VINDAS DO ALEM.

CORRO OS OLHOS AO LONGO DO CORREDOR,

ESPERO UM BRILHO DE LUZ, COMO HÁ VINTE E CINCO ANOS ATRÁS...

NESSE CORREDOR VER VIDA!

MINHAS MÃOS NÃO AS TOCAM

MAS SINTO O OLOR DAS ROSAS

QUE PREENCHE O VAZIO DO AR

DAS ALMAS... QUE PASSARAM NESSE LUGAR... NEM SEI HÁ QUANTOS ANOS ATRÁS...

NA MADRUGADA, NA CHUVA FINA E FRIA

MINHA LEMBRANÇA AINDA CAMINHA LÁ

ENTRE AS DUAS PONTAS DO CORREDOR

ENTRE A LUZ E O BREÚ...

ENTRE A VIDA E A MORTE...

ENTRE A ESPERANÇA E O DESENCANTO...

ENTRE A CIÊNCIA E O DESENCONTRO...

MINHA LEMBRANÇA AINDA AVISTA

AS ALMAS QUE POR LÁ VIVIAM

SEM SABEREM PARA AONDE IAM...

EU AS VIA, ENTRE A MATERNIDADE E A PEDIATRIA, DE PLANTÃO PELA VIDA.

MAS SÓ HÁ UM LUGAR!

O CAMINHO DA VIDA!

LÁ TODOS SE ENCONTRAM

O UNIVERSO... QUE A TUDO E A NÓS FEZ-SE O CRIAR.

ANNA DIAS 13/01/2015