MINHA REALIDADE
Quando chegava a primavera
eu gostava de ficar olhando pela janela
o campo de margaridas...
Linda aquarela!...
É que a primavera,
a minha primavera
condensava-se em pequenas margaridas.
Tão amarelas!...
Às vezes rasteiras...
Às vezes, balouçantes...
Às vezes eu as colhia para minha mãe...
Às vezes as colhia só por colher.
Mas eu sempre me fixava nelas
com medo, talvez, de não reparar
suficientemente na primavera.
Foi sempre assim
naquela fase tão bela...
E penso que foi por isso
que o tempo passou e eu fiquei presa nelas.
Nas margaridas...
Mas elas ficaram lá no passado.
Comigo só veio a lembrança dessa tela
e também o tempo que nem vi passar.
Até que chegou essa primavera
e eu me lembrei de olhar na janela...
Já não avistei o campo de margaridas,
apenas uma rua cinzenta a passar por mim.
Senti saudades delas,
das minhas margaridas...
E só então percebi que restava apenas
minha realidade...
( Imagem: google)