SEM PRESSA
SEM PRESSA
Em tardes maduras
o quase silêncio é desembrulhado
pelas sombras do tempo
que, por vezes, pesam
na paredes da memória.
Lembranças rasgam a solidez do pensamento
e irrompem.
Algumas consomem-se na palidez das horas,
outras reverberam em gestos minúsculos,
desgarrados de algum compartimento sem tranca
como se quisessem derramar soluços inacabados.
Sem nenhuma razão segura,
já não há mais pressa no olhar,
o desconhecido é só mais um ponto cego
que já não se esconde do medo nem da solidão.
Basilina Pereira