flauta doce
tudo já estava escrito
não era preciso falar de mais nada
já tinham falado da lua
da chuva, do sol
do mar, do anzol
de serafins, querubins
dos confins do Judas
da Mesopotâmia
do amor, da infâmia
só não tinham falado ainda
da minha dor de garganta
nem da minha flauta doce
ou que dentro de mim se agiganta
o músico, como se eu fosse
capaz de o instrumento tocar
Rio, 26/04/2007