Nada para recordar
Nada para recordar
Subitamente, assim como surgiu, passou
O vento silenciosamente carregou, levou
Meu corpo não tem mais as suas digitais
Meu barco não ancora mais no seu cais.
Não ficaram quaisquer rastros ou pegadas
Nenhuma trilha de migalhas pelas estradas
Desapareceram marcas e até mesmo tatuagens
O deserto floresceu e foram-se as miragens.
Não restou nem mesmo uma doce saudade
Impossível resgatar a boa e antiga amizade
Parece que nem mesmo aconteceu de verdade
Uma barulhenta e inofensiva tempestade.
Promessas sumiram como nuvens no avião
Os pés voltaram a estar totalmente no chão
Sonhos foram esquecidos num breve acordar
Nada, absolutamente nada para recordar.
Leonardo Andrade