Pontal
Respiro em tuas ruas
As alegrias da minha infância.
O “bença vô”, “bença vó”,
Ainda me vejo menino
Por dentre as poças
Nas chuvas que desciam dos céus,
Dos meus barquinhos de papel
Navegando nas correntezas
À beira da estrada!
Da lucidez dos sonhos.
Sinto saudades!
Das festas de Judas
Que meu avô fazia,
Das cantorias e ladainhas
Até o amanhecer do dia.
Eu via!
Minha avó, linda senhora
Olhos de esmeraldas,
Embelezando o Pontal
Da minha infância!
As rezas, os leilões
Juntava gente aqui, acolá,
Tudo para mim era encantado.
O pé de jenipapo ainda vive
Se falasse diria
“- É tudo verdade!”
Pontal dos meus sonhos,
Pontal da minha vida!
Quantas saudades daquele tempo,
Os barcos que desceram as corredeiras
Levaram a seu abrigo
Todas as lembranças vividas
Nas idas e vindas
À Rua do Pontal.
Pontal dos meus avós!
Pontal dos que se foram!
As ladainhas, os leilões, as queimas de Judas,
Os bonecos falantes, os homens,
As mulheres daquele tempo
Ainda vivem dentro de mim!