Os olhos e o silêncio

Silenciaram os olhos,

Curvados sobre as mãos , agora sem mais fazer ...

Silenciaram os olhos,

Em mudas conversas com a saudade das coisas contempladas

E ditas em cores:

O casario ancorado nas lembranças do tempo,

Nas inseguras margens do rio Tubarão – da vida ...

O rosto impreciso da mulher à janela, na rua Lauro Müller,

Eternizando a casa que já não é, demolida porque o agora se impõe...

Outras casas, cheias de ausências transformadas em memórias de que portas e janelas fechadas se fazem guardiãs ...

As ruas e suas esquinas - cada esquina e o imprevisível ...

A rua ...

O mar que numa tarde de domingo me foi dado de presente numa pequena concha ...

As flores ...

Tudo isto os olhos contemplavam, e as mãos transfiguravam em

[imagens.

Mas agora os olhos emudeceram.

E as mãos ficaram sem ter o que fazer ...

A alma? Está em laboriosa saudade ...

(Mariazinha)

IMariazinha
Enviado por IMariazinha em 03/04/2012
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T3593153