Os olhos e o silêncio
Silenciaram os olhos,
Curvados sobre as mãos , agora sem mais fazer ...
Silenciaram os olhos,
Em mudas conversas com a saudade das coisas contempladas
E ditas em cores:
O casario ancorado nas lembranças do tempo,
Nas inseguras margens do rio Tubarão – da vida ...
O rosto impreciso da mulher à janela, na rua Lauro Müller,
Eternizando a casa que já não é, demolida porque o agora se impõe...
Outras casas, cheias de ausências transformadas em memórias de que portas e janelas fechadas se fazem guardiãs ...
As ruas e suas esquinas - cada esquina e o imprevisível ...
A rua ...
O mar que numa tarde de domingo me foi dado de presente numa pequena concha ...
As flores ...
Tudo isto os olhos contemplavam, e as mãos transfiguravam em
[imagens.
Mas agora os olhos emudeceram.
E as mãos ficaram sem ter o que fazer ...
A alma? Está em laboriosa saudade ...
(Mariazinha)