"Saudade Criança" reminiscências
Em minha terna lembrança,
Daquele tempo de criança,
A saudade invade de novo,
Eu me vejo em pensamento,
Entre trabalho e brinquedos.
No sol escaldante do verão,
Correndo na areia quente...
Quase sempre de pé no chão,
Calçado! Era coisa de luxo,
Tamanco só para ir à escola,
Quando retornava pra casa,
Limpava bem, para guardar.
Em seguida fui trabalhar,
Por ironia, meu primeiro serviço,
Ser engraxate nos fins de semana,
Lembro mais tarde, aos treze anos,
De balaio no braço, saía a vender
No cinema e portão das fabricas:
Amendoim pra Dona Miguelita;
Rapadurinha pro seu Magarofe;
Sirí na casca pra Dona Didita,
E pra minha mãe, bolinho de batata,
Desta minha maratona diária,
as folgas eram para fazer os temas.
Quanta saudade do tempo de moleque,
Da casa de madeira no final da rua,
Onde muitas crianças moravam,
Eram muito pobres, mas eram felizes.