Trinta e dois

Andou por aqui denovo, com seu violão cor-de-terra.

Tocando aquela bossa que nunca cansávamos de ouvir,

você tinha a beleza mais esplendorosa, a voz mais forte,

e a mão mais suave. Ah, aquelas mãos.

Vi você dedilhar aquelas cordas dezenas de vezes,

sempre parecia a primeira.

A emoção do primeiro, sempre destrói qualquer cabeça.

A primeira dança,

o primeiro olhar,

a primeira paixão

o primeiro beijo,

primeiro amor, primeira “vez”

Nossa! o tempo deixa marcas irreversíveis.

O tempo é cruel, sou escrava dele, por isso tenho medo.

Medo de nunca mais te ouvir, te ver, te tocar....

medo de cair no esquecimento. Quantas já não foram?

Adoraria cantar todos os dias “Menino Bonito”, no seu ouvido.

“Menino bonito, e então quero olhar você, depois ir embora...

sem dizer o porquê, eu sou cigana, basta olhar pra você”.

Seu olhar perdido sempre trazia o suspense,

suas composições traziam a minha paz, o sono para sonhar

o sonho pra se realizar, e sentir o gosto suave do prazer.

Beijei seus lábios dezenas de vezes e sempre parecia a primeira.

Quem diria que aquele dia trinta e dois chegaria, pois chegou.

Separamos nossas alianças, nossas músicas, nossos livros.

Dia estranho, dia perfeito, esse final seria extremamente necessário,

pois se assim não fosse, jamais teria a emoção de uma nova primeira vez.

E você meu doce desconhecido, jamais teria o prazer do meu novo desejo.