Sertaneja (a Cleonice in memoria)
Eu era criança quando trabalhava
Na roça de algodão sob sol bravo
Com mãos sofridas cortei palma
Esqueci os livros, cortei agavo.
Não sou valente porque quero
Minha natureza é ser assim
O que faço é pra sobreviver
Mas no futuro o que será de mim,
Na roupa suor da luta sem vitória
E quando tem o que comer
Esse sim é o dia de glória.
Acho que fomos esquecidos na imensidão
Peço que não chore meu caso é um
Entre milhares deste meu sertão.