CARTAS DE AMOR
Restam ainda algumas cartas de amor
Mas, pra que?
Hoje são como objetos isolados,
Perderam a sutileza do sentido intencionado
São como verdadeiras peças de museu onde jazem adormecidas,
E fizeram-se esquecer
Banalizaram o amor
Transformando-o em paixão vulnerável
Usado como material descartável
Fogueira que queima e logo se apaga,
Deixando as cinzas espalhadas
Sujando tantos passos pela vida.
Somente a teimosia dos poetas
É que as fazem sobreviver!
Com o oxigênio do amor nas frases descritas
Quem sabe, o lampejo dos últimos suspiros,
Quando o dia amanhecer
Façam vibrar os derradeiros corações que apostam
Na emoção e nela acredita.
E que tantas ainda pudessem ser escritas,
Se tantos as pudessem te-las nas mãos,
E que o encantamento despertasse nos corações
A magia dos encontros,
O renascer das saudades
O pacto com a fidelidade
A gota de lágrima da emoção esquecida!
Restam ainda poucas cartas de amor
Empoeiradas em gavetas escuras,
Datadas de um tempo que o próprio tempo esqueceu
Descrevendo um amor que por encanto num momento nasceu
E de um coração sua intenção mais pura!!
Tantos olhos choram a saudade de um tempo
Unindo belas palavras em torno da imagem de alguém,
Molham o papel perfumado por tanto sentimento
De tantas cartas de amor escritas e não enviadas a ninguém....!