CARTAS DE AMOR

Restam ainda algumas cartas de amor

Mas, pra que?

Hoje são como objetos isolados,

Perderam a sutileza do sentido intencionado

São como verdadeiras peças de museu onde jazem adormecidas,

E fizeram-se esquecer

Banalizaram o amor

Transformando-o em paixão vulnerável

Usado como material descartável

Fogueira que queima e logo se apaga,

Deixando as cinzas espalhadas

Sujando tantos passos pela vida.

Somente a teimosia dos poetas

É que as fazem sobreviver!

Com o oxigênio do amor nas frases descritas

Quem sabe, o lampejo dos últimos suspiros,

Quando o dia amanhecer

Façam vibrar os derradeiros corações que apostam

Na emoção e nela acredita.

E que tantas ainda pudessem ser escritas,

Se tantos as pudessem te-las nas mãos,

E que o encantamento despertasse nos corações

A magia dos encontros,

O renascer das saudades

O pacto com a fidelidade

A gota de lágrima da emoção esquecida!

Restam ainda poucas cartas de amor

Empoeiradas em gavetas escuras,

Datadas de um tempo que o próprio tempo esqueceu

Descrevendo um amor que por encanto num momento nasceu

E de um coração sua intenção mais pura!!

Tantos olhos choram a saudade de um tempo

Unindo belas palavras em torno da imagem de alguém,

Molham o papel perfumado por tanto sentimento

De tantas cartas de amor escritas e não enviadas a ninguém....!

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 15/11/2010
Código do texto: T2615896