AQUELE HOMEM
Aquele homem a avenida descendo
Vem já arcado pelo tempo e pelas latas
De concreto nas costas carregadas.
Aquele homem a avenida descendo
Tem as mãos corroídas pelo cimento
Pela fadiga da vida, pela busca do sustento.
Aquele homem a avenida descendo
Deu-me a vida, ensinou-me a ter caráter
Ensinou-me como se ama uma mulher
Aquele homem a avenida descendo
Juntou minhas mãos e disse-me olhando nos olhos:
“Filho, em todos os momentos, nunca deixe de rezar”
Aquele homem a avenida descendo
Que me ensinou pouco e me ensinou tudo
Aprendi a chamá-lo simplesmente de PAI.
Aquele homem a avenida descendo
Vejo-o apenas em minhas lembranças
E me sinto feliz, me sinto novamente criança.