DÉCADAS DE OURO
Enquanto o tempo não me queria e se infiltrava,
Nas noites que já me pertenciam em devaneios.
Cubro de lágrimas os anos em que eu lá estava,
Dentro dos meus ébrios dias da vida em sabores.
As noites das nostalgias vêm me cobrir colorida e hipnotizante,
Nas luzes néons e nos globos daquela adolescente danceteria.
Entro nos riaos dos piscas estroboscópicos, a penetrar na mente.
Eu, um corpo dançante que por entre pessoas soltava a energia.
A música dos anos 70 e 80 até hoje arrepios provocam,
Nos embalos daqueles sábados que cortam as saudades,
E sangram as memórias que em mim lá sempre existiram,
Naquelas gostosas décadas, noites das muitas vaidades.
Dançava-se com prazer ao som que dentro de nós entrava,
Causando um frenético delírio e dopando a nossa cabeça.
O cheirinho do baseado no hálito, com o Halls se disfarçava.
Era a droga da vez regada aos Cubas Libres, não esqueça...
Tinha vodca, martini, o gostoso campari, a menta, o vinho
E muitas outras misturas de sabores para causar agitação.
As doses eram divididas e revezadas para cada grupinho,
Que já se formava no bairro e ali entrava para a distração.
Era uma loucura de paz e amor onde só à diversão existia.
Procurávamos uma amizade que subia a nossa adrenalina,
Com aquelas músicas que injetavam ânimo em quem ouvia,
No embalo soltinho, patotinha ou cada um com sua menina.
Épocas que não voltam mais, ficaram apenas seus sucessos,
Ainda ouvidos pelos seus apaixonados em boas recordações,
Em noites que parecem nunca morrerem nos seus regressos,
Da lembrança das luzes a chamar de volta aquelas emoções.