ENCHENTE

Na rua sem luz, não havia câmeras.
Havia terra nos pneus lambuzados.
Enxurrada. Lamaçal.
Casas alagadas, móveis encharcados.
Quantos papagaios morreram afogados?
Não se sabe. Nunca se saberá.
Depois da chuva... tristeza, vazio,
Saudades do papagaio, que a alma invade.
E os amores interrompidos, que se perderam
Nas águas da tempestade?
Partiram sem deixar rastro?
Nem todos. Há um que ficou!
Atravessou a pinguela da vida
E caminhou, paralelamente,
Sem se tocar ou se perder
Na movimentada avenida.
Foi se tornando grisalho, discreto...
Às vezes surpreendente;
Sempre certo que existe um atalho
Confluente,
Sem os dissabores  
Provocados pela enchente.
Bsb, 11-abr-2010
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 11/04/2010
Reeditado em 12/04/2010
Código do texto: T2191355
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