Ela, de novo
E a moça do olhar antes tão enrugado
Pasme! - Hoje apareceu bem serena.
Seu par ímpar, safiras, lume do rosto,
Refletem quão claro a vida é poema.
Olhos azuis de mar paradisíaco, digo:
Boca bem feita, fina, rosea e pequena,
Mãos de veludo, dedos, claraluna tez,
Açucena! Amaryllis, sutil delicadeza.
Forma mignon, frágeis unhas, e terna,
Porcelana pura, boneca minha, musa e
Enigma: Mas que estranha inspiração!
Oh moça bela, de olhar tão intrigante!
Inocente segues, expressão penetrante
E eu daqui, distante, observando-te cá.
Ignoraras vias e ruelas desse meu fitar.
Ó moça mágica, se te soubesses bela, e
Com que olhos vejo o belo dessas tuas
Esferas, sorririas sempre, sempre mais,
Aplacarias inverno, chuvas, temporais.
Moça enigmática, se modificas o olhar
Mata-me a fantasia, impede-me o criar.
Assim bagunço o ritmo, atropelo rimas
Enforco formas e cega vêem-me tatear.
E por que antes, assim, tão preocupada?
Quiçá medo puro de ser desmascarada,
Fragilidade, inexperiência confirmar...?
Falar em público é ato por certo difícil.
Aí, nesse conflito, talvez eu tenha visto,
Razão de confusão na força deste olhar.
* * *
Para o colega Ribeiro de Castro, que me perguntou sobre a Moça...
Da série
‘Poesia básica trivial e necessária - para mim!! -
Verso de cada dia nos dai hoje, sim?’