Silêncio

Silêncio

Um grito

ecôa dentro de mim.

No meu peito aflito

O eco

parece não ter mais fim

Mas...

eis que acaba...

Silêncio!...

Nem um som,

olho à volta nada vejo

Tudo são trevas;

nada se vislumbra

Nem um raio de luz.

Onde estou?

no fundo de um poço?

Dentro de um túnel sem saída?

Interrogo-me

sem obter resposta

Apenas e só...o silêncio

pesado,

sinistro como um túmulo;

Tento andar

movo-me lentamente

na ânsia de

encontrar a saída.

Apenas ouço

a minha respiração ofegante.

Tropeço,logo caio.

Tento levantar-me.

Mas!...

Oh meu Deus! eu desmaio;

Ali fico inerte

parada

à espera não sei de quê.

Abro de novo os olhos,

sinto renascer a esperança!...

Mais além...

parece-me ver uma luz;

corro até lá.

Ansiosa por um regresso

à liberdade.

Mas...eis que no fundo

Lá,onde caba o túnel

Há o abismo,

e eu apenas ouço mais forte

o meu grito agonizante.

Até à eternidade!

Silêncio!...

Março de 1977

após um atropelamento

que me deixou em coma

De Arlete Anjos

Zaruquita
Enviado por Zaruquita em 12/11/2009
Código do texto: T1919409