Auto-punição
Desde que me deixaste, vivo em arrependimento fatal
das tantas coisas que omiti, como se possível fosse,
não ouvir o ris'inocente de flores cantando no rosal
e disfarçar os perfumes que exalam quando amanhece,
tão pouco de ter relaxado tantos brados fragrantes,
tragicamente abortados num corpo, à boca submissa;
eu sempre à espera do momento futuro e conveniente,
qu’os lábios selavam deixando amargor na lembrança!
Tirano de mim mesmo, também a ti confinei degredo,
surdo às melodias secretas dos Mistérios exordiando
e agora,sou o pranto no mar seco de lágrimas mortas!
Despenquei a expectativa que nos fari'almas libertas,
peregrinas virgens da solidão,por ter num dia infeliz,
aplacado a bravura d’amor pleno de quem só me quis!
Santos-SP-10/07/2006