Posteridade e seus meandros

Antigamente, por achar que a vida seria maravilhosa,

corria como o Ícaro irracional para chegar mais cedo

e abocanhar meu quinhão tão belo quanto o arvoredo

plantado no chão dos céus de grandiosidade maviosa!,

mas, pegadas fui marcando e trazendo perto o futuro,

promovido de musa de um sonho à realidade desejada

e de repente tudo fugia como trigais depenando ouro,

mas o sonho se levantava como a primavera chegada!

Minhas mãos cegas se roçavam submissas no silêncio

que desencarna fiapos de dor fiando-os ante à morte,

dona das almas que se elegem ao perpétuo prenúncio

a balsamar expectativa alucinads de rudeza latente!

Agora não mais possível cantar meu canto primitivo,

abarrotado de rosas da alegria de um selvagem nativo,

saudoso do ontem, pois o juízo vestiu meu olhar vivo,

mergulhado em naturalidade esmagachada eu sobrevivo!

A infinda estrada desgarrada são imensuráveis vielas,

tantas,sinuosas,estreladas,sombrias,fugidias estrelas

ocasionalmente penduradas num sobe e desce, atiçando

que muitas mãos toquem o amanhã, embora desesperando!

Quem é o tal amanhã, chegando mas sempre por chegar,

costurando e descosturando pedaços de tempo e lugar,

rememorando vivência cultivada num passado imortal,

que não reconheço como avoengo ou futurista afinal?

Santos-SP-25/06/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 26/06/2006
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