Apesar de ti e de mim, velha casa...
A meio caminho
entre o trem e o automóvel
amarrada com indescritíveis grilhões de barro
ARANTINA
Quem mora
naquela casa de esquina
o telhado arriado
/arriando?
que reproduções baratas se penduram
naquelas velhas ´paredes descascadas
/ descascando
a cor de burro quando foge
e visíveis através das vidraças quebradas
/quebrando
das janelas mal cerradas?
( É a santa ceia, o sagrado coração ao lado da mãe,
é o retrato do avô na moldura oval,
a menininha estendendo roupa no varal).
Que móveis carunchados e mancos
se apoiam nas velhas tábuas estalantes
um dia enceradas com mãos de seda?
Que fezes fedem em teu esgoto torto e roto?
Que sangue corre em tuas veias enferrujadas?
Que fogo se alastra em teu fogão de lenha,
que carne freme,frige,frita,afoita,aflita?
Que lumes vageuiam em tuas noites sonolentas
/lentas
de lutos e latas,de lutas e lidas?
Quem mora? Morou? Morará
lá?
A lembranças de velhos fantasmas passeiam em passos cautelosos
pelas salas, quartos, cozinha, banheiro
e no corredor
juntos com ratos, baratas, percevejos,aranhas caranguejeiras
e ais de dor.
Na casa agonizante da esquina
morou uma menina, ina, ina, ina.
que há muito, muito, muito
tempo já morreu.
(Foi pro beleléu).
Foi pro beleléu
e quem levou foi o colégio interno,
rádio, jornal, televisão,
sartremarx e platão
santo agostinho e a santa inquisição,
aristóteles,mefistófeles, a favela e o sertão
e uma fila enorme de causas e efeitos,
cinema, õnibus trem ou votação ,
(im)possibilidades, (im)probabilidades e (in)certezas,
cães de fila, falo, fula, ula, ula!
bílis e calos, balas e bulas.
... os sóis continuam impassíveis seus passos pelo espaço
e no jardim, os girassóis.
(Do livro inédito de Poemas, Herança)
A meio caminho
entre o trem e o automóvel
amarrada com indescritíveis grilhões de barro
ARANTINA
Quem mora
naquela casa de esquina
o telhado arriado
/arriando?
que reproduções baratas se penduram
naquelas velhas ´paredes descascadas
/ descascando
a cor de burro quando foge
e visíveis através das vidraças quebradas
/quebrando
das janelas mal cerradas?
( É a santa ceia, o sagrado coração ao lado da mãe,
é o retrato do avô na moldura oval,
a menininha estendendo roupa no varal).
Que móveis carunchados e mancos
se apoiam nas velhas tábuas estalantes
um dia enceradas com mãos de seda?
Que fezes fedem em teu esgoto torto e roto?
Que sangue corre em tuas veias enferrujadas?
Que fogo se alastra em teu fogão de lenha,
que carne freme,frige,frita,afoita,aflita?
Que lumes vageuiam em tuas noites sonolentas
/lentas
de lutos e latas,de lutas e lidas?
Quem mora? Morou? Morará
lá?
A lembranças de velhos fantasmas passeiam em passos cautelosos
pelas salas, quartos, cozinha, banheiro
e no corredor
juntos com ratos, baratas, percevejos,aranhas caranguejeiras
e ais de dor.
Na casa agonizante da esquina
morou uma menina, ina, ina, ina.
que há muito, muito, muito
tempo já morreu.
(Foi pro beleléu).
Foi pro beleléu
e quem levou foi o colégio interno,
rádio, jornal, televisão,
sartremarx e platão
santo agostinho e a santa inquisição,
aristóteles,mefistófeles, a favela e o sertão
e uma fila enorme de causas e efeitos,
cinema, õnibus trem ou votação ,
(im)possibilidades, (im)probabilidades e (in)certezas,
cães de fila, falo, fula, ula, ula!
bílis e calos, balas e bulas.
... os sóis continuam impassíveis seus passos pelo espaço
e no jardim, os girassóis.
(Do livro inédito de Poemas, Herança)