O Tempo Pari Passu
O Relógio Cuco:
Na parede inda o mantenho.
Não recordo bem quando chegou.
Quiçá: Rua Pouso Alegre 39, antigamente.
Os segundos, minutos e as horas,
“Pelos seus ponteiros, agora, já não passam mais”.
O tempo pari passu?
Bem sei!
Está dentro de sua caixa;
Lá existem muitas histórias a serem reveladas.
Penso tirar e escrevê-las, sem dele as roubar.
Entre outras,
Duas, “chamas”, do passado,
Volto lá...
Nas noites vazias de insônia escutava:
O tiquetaque do “ponteiro” pelos segundos,
E o ecoar do cuco marcar as horas inteiras e suas metades.
Eternamente, também, relembrarei as noites dos Natais:
Tentava ficar acordado à espera de Papai Noel;
O sono inesperadamente vinha;
O cuco que nunca dormia,
Via o Velho Noel;
Eu, nunca consegui ver.
Foram vários Natais,
Cheios de ilusões;
Quimeras de um menino,
Que os viveu,
Em toda intensidade de sua inocência.
Saudade daqueles tempos...
Você marcou os momentos de minha infância,
Viu-me crescer;
Fez parte da partida dos meus Avós.
Hoje sempre ao te ver,
O pensamento sobrevoa aquela casa,
Lar onde cresci e vivi – momentos tantos...
Sinto a presença de meus avós,
De meus queridos pais,
Da infância com meus irmãos,
Do sublime e eterno Lar,
Enfim, todos vocês da inesquecível Rua...
Sei que é impossível seus ponteiros voltarem no tempo,
Levar-me ao passado como nos filmes,
Mas posso vê-lo quando te olho.
As vibrações de minha vida e dos que por ali passaram,
Inda estão presentes no seu interior e em sua estrutura.
Mas hoje estás inexorável;
Reanima...
Badala algo para animar meus dias,
Minhas noites vazias, em fim.
Certa vez pensei enviá-lo para o conserto.
Refleti...
Pra que?
O tempo não tem reparo,
O tempo flui,
O que passou, passou.
Momentos passados são carimbados...
Sublimes momentos;
Talvez estigmas que perduram;
De qualquer maneira,
Emissão final.
Conforme construído...
Felipe 12/10/08