BRISA DO TEMPO

Primeiro era um banco

Frente ao mar calmo.

Sentados nele, calmos,

Dois marinheiros,

Que dividiam a mesma alma,

Falavam de amores passados

Que nunca passaram.

O mais velho tinha um porto em cada amor,

O mais moço tinha um amor em cada porto.

Havia neles uma solidão

Que o mar não continha.

No dia seguinte era um banco

Impregnado de vazios,

E um navio à procura de um porto

Que pudesse lhes conter a alma.