A CASA DO SOL CAP. 4
A CASA DO SOL
Capítulo Quatro – 4 jul 21
De fato, de alguma forma conseguiu,
afirmando ser a melhor parteira,
ficar sozinha com com a parturiente;
desse modo, além dela, ninguém viu
os dois meninos louros que a rainha produziu
e numa cesta ela trouxe, a interesseira,
dois cãezinhos amarelos, facilmente
que pelos gêmeos então substituiu!
Quando a rainha de seu sono acordou
encontrou os dois cachorros de seu lado
e a velha ama, com expressão bem compungida,
os cães lhe afirmou serem os filhos dela!
Mas na mesma cesta, os dois nenês acomodou
e os levou até o rio, bem disfarçada,
jogando ambos na correnteza, essa atrevida,
pensando assim poder livrar-se da donzela!
Quando a rainha viu os cachorrinhos,
desesperada ficou, de dor e de vergonha
e a ama, com sua alegria disfarçada,
protestou: “Lamento muito, minha rainha,
mas veja bem que os cachorros são lourinhos;
a sua promessa cumpriu, mesmo tristonha,
e cães crescem depressa...” Recordada
a outra parte do que a infeliz falado tinha!...
Mas a rainha, com toda a honestidade,
ditou a carta prometida ao escrivão
e assim que esta foi entregue ao rei,
fez com que até a guerra abandonasse,
a cargo de seus oficiais, é bem verdade,
mas cavalgou para Innishowen, em confusão,
ansiado já por aplicar a antiga lei,
que à rainha determinava castigasse!
E ao constatar serem só dois cachorrinhos,
mandou enterrar a coitada até a cintura
à beira do caminho e que a espancassem,
a cada vez que por ali alguém passasse.
Mas seus olhos suplicavam por carinhos
e a expressão de seu rosto era tão pura,
que os passantes lhe fazer mal evitassem
e feia injúria raramente ela ganhasse!...
Do mesmo modo, por ordem do rei,
só poderia comer um pão mofado
e água suja de uma poça retirada,
mas as pessoas tinham pena dela
e evitavam cumprir a arcana lei:
bom alimento lhe davam, disfarçado
e água e vinho puro à desgraçada,
que desta forma conservou-se bela...