OS OLHOS DA PRINCESA -- CAPÍTULO NONO

OS OLHOS DA PRINCESA

CAPÍTULO NONO – 04 JUNHO 2021

Assim o Mago Serpente, desde então,

o seu olho reafixado no lugar,

foi um pacto de amizade celebrar

com as lebres e grilos na ocasião

e com sua língua lambe mil formigas,

com que já tinha antiga inimizade,

dormir nunca o deixavam, na verdade,

mas as lebres se demonstraram suas amigas.

Sete horas depois disso se passavam

até conseguirem chegar até o castelo;

em desespero, lágrimas de gelo

os olhos da princesa derramavam...

Maugan chegou até a presença do rei.

“Onde se encontram os olhos da princesa?”

“Meus dois eu tenho, com toda a certeza,

mas com o Mago do Céu já combinei.”

“Tão logo seja celebrado o casamento,

me enviará os olhos da princesa.”

“Mas como espera que eu tenha certeza?”

“Se não os entregar nesse momento,

pode cortar-me a cabeça de imediato!...”

“Você devolve meus olhos, se eu casar?

Sequer seu rosto eu consigo enxergar...”

“Case comigo e o saberá de fato!...”

Pensou o rei: “Assim que os devolver,

mandarei degolar esse bandido!”

Nessa noite o matrimônio foi cumprido

e Maugan os devolveu, sem tal traição temer!

Porém o Mago Céu já se acordara

e trovejava o seu ressentimento!...

O Mago Serpente circulava num portento,

em favor de Maugan toda a corte acreditava!

E Peito Branco, que revelou ser também mago

ficou adejando acima do castelo,

tornou-se imenso, qual o condor mais belo,

sob suas asas demonstrando afago

ao jovem Maugan, que os olhos colocou

nas órbitas vazias da princesa,

que em gratidão, ao recobrar a sua beleza

também por Maugan igual se apaixonou...

Assim, meio por medo dos três magos

e pelo amor que Flor de Espinho então sentiu,

no casamento ninguem interferiu,

um pelo outro mostrando tais afagos,

que ser a vontade divina acreditaram,

não mais malvada a linda Flor de Espinho,

porém bondosa por força do carinho...

Por muitos anos os dois felizes continuaram.

EPÍLOGO

Maugan tornou-se o rei, eventualmente,

com a princesa fundando nova dinastia,

em cujo escudo se contemplaria

nobre figura de um falcão potente:

Peito Branco, com aspecto gigante,

numa das garras segurando uma serpente,

na outra um pano de estrelas reluzente,

numa panóplia conservada doravante.