O infante
Éramos crianças
Quando a vida ainda era bonita.
Mas agora a própria sorte
Estou correndo na avenida
Tentando ver ofertas
De carros usados
e sapatos velhos.
Bexigas estouradas
E brita do concreto.
Mas me lembrando
Que quando
A barriga embrulhava
Eu dizia que era fantasia
Mas a paixão deixou seus cacos
E ainda te quero noite e dia.
Menina bonita aparece no portão
Vamos jogar
bolinha de gude,
Amarelinha francesa
E girar o seu peão.
E é nessa sorte
Vou até a morte
Tentando te alcançar
E beijar a princesa
Que está presa
No último andar.
Sinceramente
Não vivi tanto assim
Para concluir que
A vida termina assim.
E então riscava
Com giz de cera
A sua bandeira
Da sua nação
E com tijolo quebrado
Desenhava no chão
Toda nossa vida,
Nossos embates
Nossa alegrias
Cravado no coração.
E logo agora
Que brincar era bom
Vais-te assim?
Não diga por quê.
Vou ficar com o bate-bate,
a pista de carro, o pequeno soldado,
A lua minguante, jornal descartado
As velharias que rejeitaram.
Esperando você na janela
Lembrando quando tudo era festa
Sorrir por pouco
Agora, nada mais interessa...