A SOMBRA
Que coisa é aquela
lá na capoeira
será o corupira
que a mata espia?
Que tem olho de vagalume
se mostra,se esconde
será o bicho folharal
que cuida de animal?
Um inseto sem nome
talvez o lobisomem
que de noite não dorme
e aranha as árvores?
O boi tatá rufino
de argola no focinho
que perdeu a ferradura
no pasto procura?
Saíu detrás da moita
um sací cor de cuia
de cabelo pichain
capucha carmesin
Do olho era vesgo
da perna era rengo
mais veloz que o vento
fumegando cachimbo
Numa mandala
de pirilampos e abóboras
foi saltar cambalhota
como faz a foca
pra pegar a bola
Assoviava como pássaro
com o pé descalço
entre cogumelos e folhas
preto como sombra
Se enfiou no mato
pulando como sapo
e não foi mais visto
nem pelos mosquitos
que por aí beliscam
Contam os lenhadores
quando cortam as árvores
uma silueta preta
esconde o machado
e não é mais achado...