Saudades de “eu”
 
Hoje acordei nostalgicamente saudoso
Um tanto quanto romântico, “almoso”.
Saudade de mim mesmo e do advindo 
Cáustico sentimento anoso invadindo.
 
Enclausurado na inocência do sonhar
Qualquer destino parecia-me bastar.
A vida pintava como simples fadário
Um conto vivido eternamente, diário.
 
Imortalidade ainda morava em mim
Fé de miúdo, sem o derradeiro fim.
Um mundo trôpego devagar seguia
Em agito sôfrego se transformaria.
 
Para onde fostes tenra ingenuidade
Lapsos cometidos com inequidade.
Clamoroso de lembrança minha
Cadê o guri, cadê as fidúcias que tinha.
 
Perecíveis e voláteis exalaram 
Fábulas que de mim se apartaram.
Gracejar de minha crença juvenil
É o que me resta da era pueril.
 
Kennedy Pimenta 🌶