Solte a pipa, menino

Solte a pipa, menino

Deixe-a subir pelo mais alto do céu

E no mover de seus braços franzinos

Que o voo dela também seja o seu

Se nunca lhe falta linha na latinha

No café da manhã quase sempre falta o pão

Mas a pipa não sobe sozinha

Pois a direção do voo está em suas mãos

Quando já entardecer

E de ti o sol partir

Do alto da laje tens que descer

Ainda que nem tenhas cama onde dormir

Que seus sonhos sejam embalados

Na inocência de sua criança

E no novo dia anunciado

Que a luz do sol traga esperança ...

De uma liberdade que não seja clandestina

Pelo limitado horizonte da favela

mas que seus olhos se percam de vista

Quando soltares, menino, na laje, a pipa

Via Poética
Enviado por Via Poética em 18/01/2016
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