Solte a pipa, menino
Solte a pipa, menino
Deixe-a subir pelo mais alto do céu
E no mover de seus braços franzinos
Que o voo dela também seja o seu
Se nunca lhe falta linha na latinha
No café da manhã quase sempre falta o pão
Mas a pipa não sobe sozinha
Pois a direção do voo está em suas mãos
Quando já entardecer
E de ti o sol partir
Do alto da laje tens que descer
Ainda que nem tenhas cama onde dormir
Que seus sonhos sejam embalados
Na inocência de sua criança
E no novo dia anunciado
Que a luz do sol traga esperança ...
De uma liberdade que não seja clandestina
Pelo limitado horizonte da favela
mas que seus olhos se percam de vista
Quando soltares, menino, na laje, a pipa