SE EU FOSSE CIGARRA

Que chatice de trabalho

dessa cigarra enfadonha

que canta, canta, tristonha,

sobre o palanque de um galho.

O ouvido até se enfastia

com a nota que azucrina,

mas nunca, nunca termina

o zizizi que dá azia.

Que vida mais infeliz

sob o chão escuro e frio,

por anos, anos a fio

chupando grossa raiz...

Faria bem diferente:

brotava logo do chão,

fugindo desse padrão,

com som de rock potente.

O luxo, a graça e a leveza

das minhas asas com frestas,

de todas, todas florestas,

viriam ver com certeza.

Alexandre Basso
Enviado por Alexandre Basso em 14/10/2015
Reeditado em 27/06/2022
Código do texto: T5414025
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