fol. SACI E IARA
SACI E IARA
Triste ficou o menino aleijado
Pela Iara ele ficou apaixonado
Triste ficou a menina mutante
Queria ser Saci negro andante
Saci negro de uma perna só
Assim contava a nossa avó
Iara enfeitiçava todo guerreiro
Ouvia isso deitado no travesseiro
Ela não falava,
Ela só cantava
Ele não falava
Ele só assoviava
Ela vivia na água
Nunca usou anágua
Ele nasceu do bambuzal
Corria como vendaval
Ela rainha das cachoeiras
Ele fugia das capoeiras
Veio o homem caucasiano
Destruir era seu cotidiano
Destruiu o lindo bambuzal
Destruiu todo o matagal
Matou toda a mata ciliar
Não deixava arvore brotar
O ribeirão secou triste
Não brotava nem alpiste
Assim ficaram isolados
Rios e mato imundados
O Saci não via mais Iara
Do bambuzal nem taquara
Iara não via mais Saci
Nem restara mais sucuri
Eles morreram tristes e sem espaço
Apenas na lenda tem o seu regaço
André Zanarella 26-06-2011