OS MIMOS DE ANINHA
Com pose de gente grande,
Fanny, a ‘poodle’ cadelinha,
deita no sofá da sala
e, às avessas, sai da linha¹.
Folgada, como nem sei,
é ver gente, de verdade,
pois faz muitas reinações,
já com total liberdade.
Rola, corre e vai pra cama,
faz leito de um travesseiro;
não respeita nem mamãe,
que a todos leva a terreiro².
No sofá, pernas pra cima,
abertas em girassol,
õ cadelinha safada
– peralta de sol a sol!
Que nada, vai noite afora,
pega no meu pé, na boa!
Entra pela madrugada,
não sei como não enjoa.
Já lhe falei com carinho
que criança dorme cedo,
mas Fanny nem dá ouvidos,
e pensam que ela tem medo?
Outro conselho que dou:
“– Vá ficar com mamãezinha!”
Hannah, a mãe, oh que problema:
ficou cega e mal caminha.
Amiga – e quão! – das cadelas,
quero a elas dar conforto.
Pena que meu Rabicó
tenha-se ido..., está morto!
Ana sou eu, de meus pais
a menina mais mimada,
mas Fanny e Hannah eu adoro
– cada qual a mais amada.
Fort., 19/11/2010.
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(¹) Sair da linha - expressão que quer
dizer desviar-se, portar-se mal, trans-
gredir normas.
(²) Levar a terreiro - provocar, desafi-
ar.
[In ‘Dicionário de Expressões Popula-
res da Língua Portuguesa’, João Gomes
da Silveira, Martins Fontes, São Paulo,
2010]
http://www.recantodasletras.com.br/autores/gomesdasilveira