O MENINO CADEIRANTE

Sonhos de correr atrás de uma bola.

Querer ter espaços livres bem amplos,

escorregar, cair, se levantar, sorrir,

ser arteiro, moleque travesso, ter vida,

e as feridas que se abrem, alguém cuidar,

a mamãe cuidadosa que atenta acode.

Não pode por suas limitações tão duras,

que a vida lhe impôs pelos seus mistérios,

uma criança tão doce presa numa cadeira,

limitando seus desejos sem poder andar,

nem que fosse apenas um pequeno passo,

um ensaio para poder então alçar seus vôos.

Olhos umidecidos chorando em silêncio,

não querendo ver a mamãe também chorar,

sendo suas mãos, seus pés, seu equilíbrio,

quando lhe carrega nem sentindo pêso,

da criança que cresce adquirindo massa,

e que ela sorrindo finge ainda ser seu nenêm.

Queria para ela buscar uma flor tão bela,

ali tão perto quase ao alcance das mãos,

e escolher entre todas a de cor vermelha,

regada com água pura e lágrimas caindo,

e no jardim que cuidava com carinho,

éra a que exalava os mais doces perfumes,

Menino cadeirante que não tinha espaços,

mesmo assim sorria vendo outras crianças,

correndo tão soltas qual pássaros voando,

não tendo invejas entendendo seu destino,

e se suas limitações impediam também correr,

era feliz sabendo ser amado em toda plenitude.

31-03-2010