O SAPO E O TATU

Depois de longo cochilo,

sai da toca o “seu” tatu.

Ali perto, entre as bromélias,

também vai se espreguiçando

o sapinho cururu.

Já é hora do jantar,

e os dois buscam pela mata

os seus pratos prediletos.

O tatu papa formigas

e o sapinho come insetos.

Primeiro a encher a barriga,

o tatu zoa o vizinho:

vai espantando os insetos

que estão na mira do sapo.

Só uns poucos, os mais lerdos,

é que ele manda pro papo.

Dia seguinte, o revide.

Enquanto dorme o tatu,

num sono bom e profundo,

aproxima-se da toca

o sapinho cururu...

E coaxa, que coaxa,

sem descansar um segundo.

Pra se livrar do coaxo,

o tatu tapa os ouvidos

e depressa sai da toca,

quase perdendo os sentidos.

— O que faz aqui, "seu" sapo,

e por que tanto coaxa?

— Se um não come, o outro não dorme...

Mais do que justo, não acha?

— Pensando bem, reconheço

que os direitos são iguais...

De hoje em diante, amigo sapo,

eu não te perturbo mais.

* * *

Dorival Coutinho da Silva
Enviado por Dorival Coutinho da Silva em 05/04/2009
Reeditado em 24/06/2011
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