TÉCNICA DE EMPINAR PIPAS

O menino retira

dos dedos um fio,

que se arremessa no ar,

feito fino assobio,

“nylon” subindo,

subindo, sem cessar.

Agora, presa à linha,

colorida pipa-arraia

arranha altura

e, paquetão de papel,

a pandorga se espraia

e já se circunvizinha,

na barriga do céu,

das barbas de nuvem

do bobão Papai Noel.

Sereno, às vezes,

ora a dar tainha,

lá se foi, papagaio,

de supetão, num jato,

quase a roçar um raio.

Depois, num bom após,

como que dormindo

na gaveta do azul,

menos que de mansinho.

O olho-seta do menino, no ar,

vibra, e rodopia, e zune

e voa, assim, luzindo,

dando de sonhar

naquele seu invento,

que se afunda e se estica,

sempre assaz bonito,

nas terras chãs do vento,

além da planura mágica

e infinda do infinito.

Fort., 27/11/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 27/11/2008
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