Télos do Incauto

Ó alma exaurida!

Ao finito reteste

A viu besta foste reprimida

Ó infeliz alma, amiúde sofreste.

Oxalá dar-se, ó alma, ao Cristo sua ida

Desprezível ao seus olhos fora O Cristo Celeste

Sobeja, pois, a ti o fel das sandices de tua vida já morrida

Cristo Justo, deveras vida nossa é, todavia, tu dos altos não O recebeste.

No alto de sua altivez,tornou-se corrompida

Vendeste, ó alma, sua vida!

Cá, a alameda dos justos

Lá, o tortuoso caminho dos abomináveis.

Por prelúdio feneceste...

Piamente crera estar escondida

Entretanto, descoberta fora ó emblema dos loucos!

Pereceste

Da espada correste

Qual cervo do leão, a fugir do flagício

A ti viste

A ti contemplaste

A ti conheceste

Já tarde, porém, a Santa Luz clamaste, ó ignóbil alma!

Não mais lhe socorria

De tudo era douta

mas dos céus olvidou-se.

Ludibriaste a ti mesma, disso, pois, pena

Congênita era das vis concupiscências

A ela não combateste

A concupiscência da carne,

A concupiscência dos olhos

A soberba da vida...

A elas sorria.

Tenha para ti, agora, como arremate do prelúdio eterno:

O lago de fogo e enxofre que para ti preferiste

Choras, agora, as lágrimas da cabal porta larga

Pranteia o fim da vida dos desavisados

Lamenta a mancha que, de bebidas à vã sabedoria, buscou ocultar

Uiva o derradeiro daqueles que sem O Bom Pastor partiram

Vagia o desterro da noite longe do redil

Plange a eternidade, uma eternidade irreversível

Irreversível por seus atos que do Sangue do Imaculado Cordeiro nunca aproximaram.

Daniel Carvallho
Enviado por Daniel Carvallho em 01/06/2019
Reeditado em 03/07/2019
Código do texto: T6662554
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