Cinco Pães e Dois Peixes
Entrei no caminho
E saí deserto afora,
A fim de te perseguir.
Eu era um menino...
Pagaria qualquer preço
Para tua voz ouvir.
De casa, pouca coisa levei.
Uma muda de roupa me bastava.
Tinha apenas o suficiente para um dia.
Para a dura jornada:
Cinco pães e dois peixes apenas.
Esse pouco que no caminho ajuntei
Foi adquirido a duras penas:
Muito foi o labor, suor, estudo e empenho.
Isso era o meu tudo.
Atravessei vales;
Caminhei por campos;
Escalei montanhas.
E só isso consegui:
Cinco pães e dois peixes
É isso que me resta,
Para a casa paterna voltar
E não desfalecer.
Mas, eis que olho para o lado.
Vejo rostos abatidos e desfigurados.
Eles têm fome.
São como eu:
Ovelhas carentes de pastor.
E o que tenho mal dar para eu comer...
Eu precisaria de mais mil anos para viver
E trabalhar a fim saciar-lhes...
“Sacia-lhes!
Dá-lhes tu mesmo de comer!”
É o que dizes a mim.
Mas eu só tenho cinco pães e dois peixes.
O que é isso para esse tanto de gente
Que de mim precisa?
Dá e verás!
Na ação de graças feita partilha,
O pouco com Deus,
Em muito se transforma.