Cinco Pães e Dois Peixes

Entrei no caminho

E saí deserto afora,

A fim de te perseguir.

Eu era um menino...

Pagaria qualquer preço

Para tua voz ouvir.

De casa, pouca coisa levei.

Uma muda de roupa me bastava.

Tinha apenas o suficiente para um dia.

Para a dura jornada:

Cinco pães e dois peixes apenas.

Esse pouco que no caminho ajuntei

Foi adquirido a duras penas:

Muito foi o labor, suor, estudo e empenho.

Isso era o meu tudo.

Atravessei vales;

Caminhei por campos;

Escalei montanhas.

E só isso consegui:

Cinco pães e dois peixes

É isso que me resta,

Para a casa paterna voltar

E não desfalecer.

Mas, eis que olho para o lado.

Vejo rostos abatidos e desfigurados.

Eles têm fome.

São como eu:

Ovelhas carentes de pastor.

E o que tenho mal dar para eu comer...

Eu precisaria de mais mil anos para viver

E trabalhar a fim saciar-lhes...

“Sacia-lhes!

Dá-lhes tu mesmo de comer!”

É o que dizes a mim.

Mas eu só tenho cinco pães e dois peixes.

O que é isso para esse tanto de gente

Que de mim precisa?

Dá e verás!

Na ação de graças feita partilha,

O pouco com Deus,

Em muito se transforma.

Frei Michel da Cruz
Enviado por Frei Michel da Cruz em 02/08/2012
Reeditado em 15/02/2014
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