Ausência
Há um vazio no Homem,
seja ele homem ou mulher.
Um buraco que não se farta de engolir sonhos,
nem enjoa com a constante troca de utopias.
Mas, sendo ele aquilo que é,
não se cansa de nos fazer sonhar!
Um não-estar dorido sabe-se que há
no ser que respira e sente,
que planeja e se faz ser gente,
como em outro ser igual não há.
E esse vácuo que passou a morar no Homem
o fez caminhar para dentro de si,
tateando pelos muros de sua consciência,
construindo as trilhas da sua História.
Com dúvida, pergunta, mito,
magia, ciência e religião.
Com fogo, arado, ferro,
lavoura, ganância e poder.
Com riso, arte, brincadeira,
fé, loucura e razão,
madeira, cimento, concreto,
violência, descrença e depressão.
Sim, há um imenso buraco em nós.
E com as coisas de agora buscamos tapá-lo,
não sabendo que isso o fará ainda mais fundo,
mais forte, grandioso e faminto de luz;
mais cheio de nada e de tudo que não é válido,
devorador de palavras, mundos e de ilusões.