Diálogo no Caminho de Emaus
Pobres discípulos da aldeia Emaus!
Com muita tristeza de coração
Discorriam entre si sobre Jesus,
Seu sofrimento e crucificação.
Lembravam tudo o que Jesus dizia:
Que seria morto e depois sepultado,
Mas após a morte, ao terceiro dia,
Da sepultura seria levantado.
Ansiosos e contritos esperavam
Àquele a quem fora transpassado.
Pelo caminho, tristes conversavam,
Tinham o aspecto muito contristado.
Diziam: havia alegria com sua presença,
Agora, amargamos forte tristeza.
Ele que arrancou dos corpos a doença
Foi levado a morte com cruel rudeza.
Morreu naquele pesado madeiro
Sem ter cometido nenhum delito.
Como cruel malfeitor foi prisioneiro,
Oprimiram-no e o fizeram aflito.
Acusaram-no de ser um malfeitor,
Diante do seu povo, angustias sofreu.
Mesmo sofrendo, demonstrou seu amor,
Expressando-o na cruz quando morreu.
Ele que ensinou com muita clareza
Que no trono de Davi iria reinar.
Tínhamos todos nós plena certeza
Que como disse, iria ressuscitar.
Algumas mulheres testemunharam:
Que foram ao sepulcro o embalsamar,
Mas imediatamente elas voltaram,
Depois de ouvirem um anjo falar.
A quem buscais! A Jesus nazareno?
Não está mais aqui, já ressuscitou.
Houve um terremoto e, ele bem sereno,
Saiu da sepultura como falou.
Anunciaram e não ficaram crendo,
Mas não souberam o que aconteceu.
Quando seus comentários íam tecendo,
Um viajante entre eles apareceu.
Perguntou-lhes com a voz de carinho,
Vendo-lhes com os semblantes contristados:
Que palavras trocais pelo caminho
Que parecem fazer-vos perturbados?
Responderam: Só tu em Jerusalém
Não sabes o que aconteceu a Jesus?
Homem bom, justo, que só fazia o bem,
E o condenaram a morte de cruz!
Não sabes o que os principais do templo,
Os pais e os anciãos do povo de Israel
Fizeram a Jesus, o eterno exemplo,
Levando-o a morrer de forma tão cruel?
Ele disse que iria ressuscitar
Logo após três dias depois que morresse;
Nós ficamos atentos a esperar
Que a ressurreição dele acontecesse.
Falou-lhes: ó néscios de coração!
Tardos para compreender os profetas.
E começou a lhes dar explicação
Sobre as fiéis escrituras e as suas metas.
Não convinha que o Cristo padecesse
Para depois entrar na sua glória?
Então, era mister que isso acontecesse,
Porque estava previsto na história.
Quando ouviam a voz daquele viajante,
Sentiam grande gozo em seus corações,
As suas almas ardiam naquele instante,
Enchendo-os de alegria e reais emoções.
Ao chegarem à aldeia onde ficariam,
Aquele homem fez que ia mais além.
Como as luzes do dia já escureciam,
Disseram-lhe: fica e descansa bem.
Come conosco, pousa em nossa casa,
Amanhã cedinho seguirás viagem.
Enquanto falava ele, ardiam em brasa,
Mas achavam muito estranha a sua imagem.
Quando com ele a casa adentrou,
Morada que era situada em Emaus,
À mesa deu graças, o pão abençoou,
Só ai perceberam que ele era Jesus.
Sebastião Barros
05/02/2010