REDONDILHAS DE CAPELA*
Vou me embora pra Capela
Templo de minhas orações
Das orbes do amigo rei
Uma das muitas mansões
Quando morava em Pasárgada
Reputava ser feliz
Com a vida inconsequente
Rosa e Joana parente
Erámos todos dementes
Com alcaloide motriz
Gozava do livre juízo
Regalo vindo da corte
Porém em dura sentença
O gosto, tem sua avença
Amores com tantas dores
E preço no que apetece
Pois em prazeres passados
Nunca o prazer se conhece
Vim me embora de Pasárgada
Hoje cá nessa morada
Mais florescido que outrora
Tenho genro e tenho nora
Menino mais que na idade
Zelando da sanidade
Dest'alma que eu trago agora
Amor é meu sentimento
Com tanta fé se fundou
Entre campina e penedo
Por entre serras floridas
És minha terra querida
Mas mesmo assim vou embora
Vou me embora pra Capela
Lá sou amigo do rei
Onde a água é cristalina
Cuja fonte beberei
Mais alegrias que medos
Das vãs tristezas o ledo
Dantes, a cama escolhida
Eleita com desatino
Cantava o som do dano
Cantares d’amor profano
Cantarei o amor divino
Na morada prometida
Agora é minha a tutela
Venturo viver sorrindo
Vou me embora pra Capela
A cada dia, tô indo...
*sussessor do poema "vou-me embora pra Pasárgada" de Manuel Bandeira
Edson Depieri
www.edsondepieri.com.br