SEM DONO

Já todos sabem

que eu sou filha do vento

e nem podia ser mais parecida

com o meu progenitor.

Tanto posso ser morna e mansa

como fria e intempestiva.

Mesmo quando sou intempestiva,

em mim carrego amor,

transporto e lanço as sementes

que repovoam a terra,

estabelecendo o equilibrio dos elementos.

Mas duma coisa deves estar ciente,

nunca mas mesmo nunca

tentes agarrar-me.

Nunca conseguirás apoderar-te de mim

nem tampouco aprisionar-me.

Sou sem dono.

Não pertenço a ninguém.

Não há nada que me compre.

Sou livre,

esvoaço por onde quero

e quedo-me onde quero.

Tudo o que faço é com gosto.

Se vejo alguém com dificuldade em andar,

dou-lhe um empurrãozinho nas costas.

Se vejo alguém muito acalorado

Borrifo-lhe uma brisa fresca no rosto.

Mas também posso ser

intrometida e matreira,

vingativa e sádica,

levantando a saia ás raparigas,

tirando o boné aos rapazes!

Tanto posso ser morna e mansa

como fria e intempestiva.

Sou cérebro e coração

Sou Luz e escuridão

Sou humana!

Nasci livre e livre morrerei,

pelo meio tive alguns precalços,

que há muito ultrapassei!

©Maria Dulce Leitao Reis

Copyright 24/04/21

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 24/04/2021
Código do texto: T7240343
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