REENCONTRO DAS ALMAS
O vento quente e húmido
Vindo das distantes monções
Me acaricia aciduladamente a face
Mas traz gratas recordações
Me fala do meu grande amor perdido
Que ficou aprisionado algures na Ásia
O que eu tenho clamado e sofrido
As lágrimas que tenho derramado
Na pauta pesada da vida
Onde abundam os agudos e os graves.
E o vento continua falando
As histórias que eu não conheço
Porque o tempo nos apartou
Mas o vento vai informando
Sabes que o teu amor perdido ficou
Procurou-te sem descanso
Mas nunca antes te encontrou
Quase desfaleceu com tanta dor
Mas a fé, nunca o abandonou
Acreditou sempre no amor.
Vento mas isso já foi noutra vida
Passaram-se milénios
Eu sei, mas como vento sou imortal
Ando de vida em vida
Dou conta de tudo por sinal
E também sei
Que se perderam na transportação
Para a vida atual.
Ele ficou perdido nos Himalaias
E tu, no outro lado do hemisfério.
Ele sempre me disse que te iria encontrar
A sua fé e determinação eram assombrosas
Fui eu que lhe falei do teu paradeiro
Já sei que te encontrou
E te envolveu num braçado de rubras rosas
É verdade companheiro
Estávamos destinados um ao outro
Desde os primórdios da humanidade
Fomos amantes noutras vidas
Agora nossas almas se reencontraram
Assim vamos descobrindo nossas raízes cósmicas
E aprendemos a compreender
O esoterismo dos sagrados mistérios
São os planos sublimes do Altíssimo
Só precisamos trilhar o Caminho
Abandonar as ilusões e seguir nosso destino
Perdemo-nos na transmutação
Finalmente nos reencontrámos neste tempo
Para somar, multiplicar e dividir
O amor que nos preenche o coração
E na mente, a sintonia do pensamento
E o resto da tristeza e dor subtraír
Rumando ao mausoléu da felicidade
Onde tomaremos chá e biscoitos do céu
Vivendo o amor até ao fim desta vida
E continuando na outra eternidade
Vivendo a vida prometida!
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 03/03/15