Vereda Espiritual
Retenhas no silêncio de tua alma
E terás a nobreza de poder ouvir
O cântico dos anjos a esculpir
Esperança que envolve e acalma
Agradeças as pedras lancinantes que relam
O sufoco e a dor que rasga invasiva
Pois na fé racional e subversiva
Os espinhos serão dardos que não escapelam
Lembras que não volvemos a matéria
Por um caótico capricho do destino
Mas resultado da incúria e do desatino
Vestido em culpa, remorso e miséria
Mergulhas no tangível e terás que confessar
Os abortos e mortes a ti atrelados
Em seres de Deus feridos e exilados
Volverão livres e ansiosos por amar
Se foi assim não terás repouso meritório
Enquanto não abrandaste a dor alheia
No trabalho honesto alumia a candeia
A resgatar o esquecido em seu território
Já que a fome e a desgraça inunda todo canto
Ouves o lamento daqueles que clamam por ajuda
Em lágrimas e mãos estendidas quase muda
Vestes a alma com a cristandade de um santo
Não basta esclarecer o espírito atormentado
Se a fome permanece em ronquidão
Levantas o prato acima do coração
E socorres o estômago acorrentado
Em crises que a terra ainda teima manter
Pelo orgulho e egoísmo inebriante
Renuncias a si mesmo e segues confiante
Na confiança de um novo renascer
Onde guerras, fome e miséria
Serão afastadas do seio do planeta
Carregadas almas no colo do cometa
Renascerão para experiência mais séria
Distantes em planetas de outro sistema
Conhecerão a vida de outra maneira
Pela dor reviverão sem eira nem beira
Na corrigenda de todo problema
Mas por filhos da criação que todos são
Serão reconduzidos pela paz que fizerem nascer
Pela consciência refeita aprenderão a crescer
Nas oportunas luzes da superação