TURMALINA NEGRA

Há muito, muito tempo

Parti numa viagem

De circum-navegação

Em torno de mim.

O objetivo era alcançar o cerne.

Enfrentei diversos obstáculos

Foram tempestades

Foram tufões

Assim como icebergs.

Enfrentei anacondas e tubarões

Contudo...

Os obstáculos mais penosos

Foram a incompreenção

A má vontade

A intolerância

A desumanidade

Das pessoas que cruzaram

O meu caminho.

Valeu-me a coragem

A intrepidez

O discernimento

Até a complacência.

A dureza das batalhas

Tornou-me mais ágil e mais forte .

Hoje, nada me derruba.

Tive mais sorte

Que Fernão de Magalhães.

Regressei ás minhas raizes.

Concluí a minha aventura.

Alcancei o meu cerne.

Hoje, gosto de me sentar

Na balaustrada da minha vida

Olhar sem pressa

Com os olhos marejados de ternura

O meu céu anil

Onde revejo

Os meus mais secretos anseios

Impregnados de misticismo e magia

Sem nuvens a embargar o meu sol

Que me aquece, seduz e energiza.

Movida por esta aconchegante onda solar

Acaricio a minha turmalina negra

Que guardo com devoção.

Também ela me protege e afasta

Das energias negativas.

Ganhei esta pedra

Numa das minhas deambulações

Quando pacientemente

Tentava atingir o cerne

A minha ilha privada

Onde me banqueteio

Com frutos exóticos e raros.

Foi aqui que Deus me ofereceu

A turmalina negra.

Ele sabia

Que eu ia precisar desta maravilha

Para levar a bom porto

A minha ousada aventura.

E foi assim...

Que consegui regressar ás minhas raízes.

Hoje sento-me tranquilamente

Na balaustrada da minha vida

A olhar sem pressa

Com os olhos marejados de ternura

O meu céu anil

Onde bebo serenidade e amor

Guardando na mão

A minha turmalina negra!

© Maria Dulce Leitao Reis

10/01/2020

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 10/01/2021
Código do texto: T7156628
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