ESTAÇÕES
 
Ele era outono.
Suas cicatrizes se abriam a cada corte do vento repentino.
O abraço uma mistura de liberdade e segurança.
Os olhos da cor das folhas secas pareciam reviver ao me ver.
Seu corpo quebrava como galhos.
Ele podia ser minha casa, mas o outono, mesmo tão belo,
é o palco principal para apresentar a vida morrendo.
 
Ela era inverno.
Sua voz sempre me envolvera como um cobertor.
A cadência torta soava como o fogo crepitando na lareira.
Suas palavras nevavam sobre mim, pintando minha pele.
Ela era choque térmico em minhas veias.
Seu coração, um lago congelado, prestes a se romper:
peso demais o faria desabar – e eu só queria me afogar naquela dor.
 
Ela era primavera.
Girassóis faziam morada em seus pulmões.
Seu canto fazia florescer vida em minha boca.
Pássaros dançavam ao redor de seus cabelos.
Sua pele, magnetizador natural do meu sorriso.
Seu corpo se cobria de flores e eu, imprudente, quis colocá-las no meu quarto,
quando tudo que elas precisavam era de um pouco de água e sol.
 
Ele era verão.
Seus olhos eram o oceano me convidando para me refrescar.
Raios de sol entornavam o cabelo, tão intocável quanto o Astro.
Amava as pequenas coisas, como uma tão esperada brisa num calor escaldante.
Tinha a confiança e força do céu azul persistente.
Cada palavra que saía da sua boca era fogos de artifícios na virada do ano,
e cada beijo sempre o primeiro do próximo.

 
Marina Solé Pagot – 17 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 22/06/2019
Código do texto: T6678818
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